Atendimento pré e pós parto

Depressão pós parto. Coisa séria!


É comum as mulheres curtirem a gravidez com intensidade, comprar roupinhas, mamadeiras, móveis para o quarto do bebê, enfim, focar seus pensamentos e ações para a chegada de uma pessoa muito especial. Outras já não curtem tanto. Passam mau toda a gestação, sentem-se desconfortáveis em vários aspectos, pensam em se livrar daquele peso o mais rápido possível, principalmente quando a gravidez não é desejada por um dos cônjuges e etc. Mas, curtindo ou não o momento "gestante" essa euforia pode acabar, ou essa inquietação e incômodo também podem piorar.
Antes, durante e depois do período da gestação e após o parto acontecem várias transformações emocionais na mulher. Isso acontece por vários motivos, principalmente por conta da transformação dos hormônios.
Os sintomas são vários, entre eles estão:
* Profunda tristeza;
* Mudanças físicas;
* Ansiedade;
* Medo;
* Insegurança;
* Medo da morte;
* Sonolência;
* Falta ou sono exagerado;
* Cansaço excessivo e outros.
Com algumas mulheres, estes sintomas e sentimentos vão embora rapidamente a outras persistem até chegar o momento da mãe sentir-se incapaz de cuidar e encarar o novo que a espera.
Esses sintomas permanentes por um longo tempo pode ser caracterizado como a depressão pós-parto (DPP).
Uma depressão séria que requer tratamento imediato, pois em alguns casos poderá arriscar a vida da mãe, filho ou os dois.
Pesquisadores acreditam que mudanças hormonais possam ocasionar a depressão, uma vez que pequenas alterações nos níveis de hormônios podem afetar o humor da mulher antes da menstruação.
Outra situação que pode causar a depressão é a falta de atenção dada à mulher após o nascimento da criança, isto é, durante a gravidez, todos os mimos e carinhos são voltados para a mãe, depois que o bebê vem ao mundo, os olhares dos parentes, amigos e, até mesmo do marido, são para o recém-nascido. Esquecem que a mãe está passando por um momento novo e ainda desconhecido.
A pessoa com depressão pós parto, sente uma tristeza muito grande, com perda de auto-estima, além da perda de motivação para a vida, podendo até mesmo tentar o suicídio. São sintomas muitos parecidos com a depressão mais conhecida. A única diferença é que esses sintomas são mais acentuados, com maior irritabilidade, mudanças bruscas de humor, distúrbio do sono, indisposição, doenças psicossomáticas, desinteresse pelas atividades do dia-a-dia, sensação de incapacidade de cuidar do bebê e desinteresse por ele, chegando ao extremo de pensamento suicidas e homicidas em relação ao bebê.

O tratamento é necessário

O tratamento é feito muitas vezes com antidepressivos e principalmente a psicoterapia é muito importante neste momento, pois ajuda a trabalhar as razões por estar deprimida, por se achar incapaz de cuidar do bebê, por não ter um apoio masculino (pai), pelas dificuldades financeiras enfrentas, por não conseguir se sentir feliz.
A função da medicação é fazer o metabolismo cerebral voltar ao normal.
Muitos pensam que a depressão é um sinal de fraqueza do indivíduo,  e muito dessas pessoas que assim pensam, estão acompanhando esta mãe que geralmente está muito indecisa. Isso faz com que a própria mãe não se de conta do que está acontecendo, dificultando a procura por um tratamento e prolongando o sofrimento para ambos.
Como é um momento em que a mulher está indecisa e confusa com tudo a sua volta as pessoas que a rodeia devem tomar decisões por ela, inclusive para começar o tratamento, para contratar uma babá ou uma ajudante. É por esse motivo que o papel da avó (ou de uma cuidadora desta nova mãe) é importante.
Para que a mulher consiga se sair bem neste papel de mãe é importante que tenha traquilidade e esteja rodeada de pessoas que queiram ajudar realmente.
É muito importante que a mulher descanse e durma quando o bebê estiver dormindo, pois serão muitas noites acordadas amamentando e ninando o bebê. Os afazeres domésticos devem ser repensados, agora existe uma criança que quer e precisa de tempo e carinho, portanto ou tenha alguém para ajudar nas tarefas de casa ou faça somente o que conseguir.
Ficar muito tempo sozinho também não ajuda. Deve se distrair, mesmo que leve a criança junto.
O companheiro deve ter consciência de que agora  a mãe precisa de apoio, e neste apoio está incluso carinho e atenção redobrada.
Em muitos casos os maridos se sentem trocados pelos filhos neste primeiro momento e aí, em vez de ajudar acabam atrapalhando fazendo cobranças desnecessárias. É importante, portanto que a família também possa dar apoio, informação e esclarecimentos a este pai carente de atenção da esposa. Dessa forma ele terá clareza que não é o único homem a sentir ciúmes do filho recém-nascido e que certas cobranças as mulheres neste momento não é oportuno.
Este é um momento mágico e muito bonito, mas os cuidados não devem ser esquecidos.
até agora falamos sobre o que a DPP pode dificultar a vida de uma mãe, mas não falamos sobre os traumas que uma mãe com DPP sem cuidados médicos e terapêuticos pode causar em seu filho. Em alguns casos as mães possuem mais dificuldade para amamentar seus filhos, principalmente por querer se afastar dos pequenos neste momento de impotência. Sabemos que a amamentação favorece o relacionamento entre mãe e filho. Sabemos que recém nascido necessita deste contanto já nos primeiros horas após o parto e que isso propicia uma séries de vantagens, dentre elas, maior interação entre mãe e recém nascido, e capacitação da mãe em relação ao cuidados com o seu bebê.
Mãe e filho devem estar em ótimas condições de saúde física e emocional para o início de uma jornada de novidades.
Taís Melo.
Psicóloga clínica.